Governo Bolsonaro gasta R$ 3,6 milhões com ida a Dubai e brasileiros catam lixo para comer

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Presidente da República já chegou a dizer que fome no Brasil é “uma grande mentira” e que, na média, todo mundo engordou um pouco mais

Escrito por: Cláudia Motta | RBA

As redes sociais foram tomadas hoje por uma imagem escandalosa. Pessoas desesperadas pegando lixo dentro de um caminhão que retirava resíduos de um supermercado. No país governado por Jair Bolsonaro, para quem a fome é mentira, o desespero era para encontrar o que comer dentro do lixo. Mulheres, crianças, idosos. Segundo reportagem do G1, a imagem foi feita por um motorista de aplicativo na porta de um supermercado no Bairro Cocó, área nobre de Fortaleza. O vídeo é de 28 de setembro, mas de acordo com um funcionário do supermercado, isso acontece todas as semanas. “Ele contou que crianças também buscam comida que seria jogada em um lixão, informa a reportagem.
Outra imagem também chocou os brasileiros. No mesmo dia em que foi divulgado o vídeo do fome flagrante, a esposa do filho do presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) mostrou sua família vestida à caráter, em Dubai. Programa de turista endinheirado, a fotografia custa cerca de R$ 1.000. A informação é do Poder 360.

Comitiva de R$ 3,6 milhões

Não bastasse o escândalo diante da fome, da miséria e das mortes por covid-19 que assolam o Brasil por total descaso do governo Bolsonaro com o povo, a viagem a Dubai é também um rombo nos cofres públicos. A comitiva brasileira que viajou para “participar” da Expo Dubai 2020, relata a reportagem do Poder 360, leva o vice-presidente Hamilton Mourão e outras 69 pessoas do governo. O custo para os brasileiros pode chegar a R$ 3,6 milhões.
Bolsonaro já chegou a dizer, em julho de 2019, que “falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira”. Voltou atrás como é seu modus operandi de desgovernar. Mais recentemente, em setembro, afirmou: “Alguns passam fome? Sim, passam fome. Mas a média dos que passaram a comer mais foi bem maior. Se você lembrar de quanto pesava no ano passado e quanto pesa agora, na média todo mundo engordou um pouco mais. É uma realidade”, disse o ex-capitão.
Talvez a lógica valha para Bolsonaro que desde o início de 2019 bate recordes de gastos com o cartão corporativo da Presidência da República. O meu, o seu, o nosso dinheiro já custeou mais de R$ 50 milhões dos gastos de viagens do presidente, sua família e seguranças. Segundo levantamento realizado pelo Yahoo!, as despesas da Presidência sob Bolsonaro aumentaram 22% entre 2018 e 2019. Em 2020 os gastos subiram ainda mais: 35%.

“Trabalho passeio”

Sob o pretexto de levar a imagem turística do Brasil a uma feira internacional de negócios, na cidade dos Emirados Árabes, a comitiva parece se esbaldar. O secretário da Pesca, Jorge Seif, também divulgou fotos em suas redes sociais sem esconder que estava em um “trabalho-passeio”. É “top demais”, regozijou-se. Para Eduardo Bolsonaro, o gigantesco tamanho da comitiva brasileira é “sinal de prestígio”.

Bolsonaro lixo

Secretário da Pesca, Jorge Seif aproveita o “trabalho passeio” para se divertir com o dinheiro que não chega para quem tem fome (Reprodução Twitter)
O deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ) recorreu hoje o Ministério Público Federal para investigar os gastos do deputado Eduardo Bolsonaro e de sua família durante a viagem feita a Dubai, nos Emirados Árabes. O anúncio foi feito em publicação no Twitter. Na semana passada, deputados da oposição acionaram o Tribunal de Contas da União (TCU) para investigar a viagem a trabalho-passeio em Dubai.
“Em primeiro lugar, considerando que não houve estimativa de gastos com as diárias e demais gastos da comitiva no Portal da Transparência, o que inviabiliza qualquer controle público, os gastos exorbitantes com a viagem violam os princípios da transparência e da eficiência do gasto público, listados no art. 37 da Constituição Federal”, diz trecho da representação. Assinam o documento os deputados Alessandro Molon (PSB-RJ), Marcelo Freixo (PSB-RJ), Bohn Gass (PT-RS), Danilo Cabral (PSB-PE), Wolney Queiroz (PDT-PE), Talíria Petrone (PSOL-RJ), Joenia Wapichana (Rede-RR), Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Renildo Calheiros (PCdoB-PE).

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